Às vezes, pequenos grandes terramotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.

Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.

Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.

Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.

(Affonso Romano de Sant'Anna in Lado Esquerdo do Meu Peito)

Palavras... ocas?????

As palavras

São como um cristal,

as palavras.

Algumas, um punhal,

um incêndio.

Outras,

orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam:

barcos ou beijos,

as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,

leves.

Tecidas são de luz

e são a noite.

E mesmo pálidas

verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem

as recolhe, assim,

cruéis, desfeitas,

nas suas conchas puras?

*** Eugénio de Andrade

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Bullying? Ou desresponsabilização parental????

O Bullying sempre existiu... simplesmente para as nossas crianças, hoje, tudo tem uma dimensão muito superior à que tinha no nosso tempo... e a culpa é nossa, pais, professores.... deixemos as nossas crianças brincar e crescer... serem CRIANÇAS!...

Elas aprendem a ler e a escrever quando forem para o 1 ciclo, elas têm tempo... para aprender musica, natação, ingles, informática... deixem as crianças serem crianças... As nossas crianças são stressadas, vivem o dia a dia no stress dos horários dos pais, o compromisso da aula de musica, de inglês, de ginástica, natação, informática.... Imaginem-se com 8 ou 9 anos e terem de carregar uma agenda...

Vivemos numa sociedade em que os pais disputam a educação dos filhos... não interessa o bem estar e a felicidade deles... interessa estarem na melhor escola (leia-se "mais cara", porque isso é sinal de "status" e de bem estar social....) e terem muitas actividades (leia-se "tempo ocupado" para os pais terem mais tempo disponível!!....)...

Os miudo hoje vivem sob stress de horarios, actividades, compromissos... crescem muito deprtessa... e as hostilidades infantis fazem parte do crescimento normal...
Nós somos o que somos (hoje, com quase...35), porque passámos por varias fases na nossa infancia, adolescencia... os nossos filhos vao ser adultos completamente diferentes....

Se por um lado, o facto de terem, aos 6 anos, atitudes e comportamentos que nós tínhamos aos 12, nos faz sentir "descansados", porque não passem por algumas situações que TODOS nós passámos... por outro, tomam uma perspectiva da vida, muito dura... e a vida é dura, mas não tão dura assim... Tem momentos melhores e piores e, FELIZMENTE, na vida, tudo se resolve....

A "atmosfera" deles, agora, com as devidas adaptações é a nossa... não há o "mundo distante dos adultos" com tudo o que isso trazia de bom e de mau...
É bom, para nós, Pais sentirmos, que eles crescem sem passar pelas duvidas e incertezas que nos passámos... mas essas dúvidas e incertezas fazem parte de uma etapa essencial no desenvolvimento deles... a experimentação das situações... a "rejeição"por parte dos "pares" (colegas) educa-os para as hostilidades sociais... nos somos todos iguais, mas vivemos em sociedade... e "tolerar" na maioria das vezes não é aceitar... (pelo menos, numa primeira fase... antes da aceitação vem a tolerância....)


Eu tenho a consciência tranquila... a minha pulga tem unica e exclusivamente as actividades da escola, está numa escola privada porque não arranjei vaga na estatal... e em casa brinca com as bonecas e vê TV!..... Os assuntos académicos (ler, escrever, fazer "contas"...) ficam na escola... em casa fazemos puzzles, jogamos às "palavras dificeis"(ela sabe dizer: otorrinolaringologista e anticonstitucionalmente!!!!!), fazemos colares de missangas com padrões giros.... e a brincar, espero fazer dela uma grande MULHER!... E... EU SEI QUE POSSO!

Eu sei que posso!...

A Consistência do Ser

(Pintura de Chris Brown, "Dancing Gypsy")

A Consistência do Ser

Diz-se que quem modifica de tempos a tempos as suas ideias não merece qualquer confiança, porque faz supor que as suas últimas afirmações são tão erróneas como as anteriores. E, por outro lado, quem mantém as suas primeiras ideias e não as abandona facilmente, passa por teimoso e iludido. Perante estes dois juízos opostos da crítica, há só uma opção a fazer: permanecer-se aquilo que se é, e seguir-se apenas o próprio juízo.

Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'

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Não me parece, de todo, descabido, mudarmos, ao longo da vida, de ideias... nós crescemos, evoluímos, amadurecemos... as nossas necessidades, ao longo do nosso percurso, vão mudando, adaptando... e, as nossas ideias, necessariamente, acompanham este processo!....

No entanto... nada como assumirmos QUEM SOMOS e agirmos de acordo com isso...e eu, hoje, não sou quem era há 10 anos atrás!!!!...As minhas necessidades mudaram, o que procuro na vida, neste momento, não é o que procurava nessa altura... e aquilo a que dou valor neste momento, não foi, necessariamente, aquilo que valorizei nessa altura!... EU TENHO O DIREITO DE MUDAR... TENHO A CAPACIDADE PARA MUDAR E.... EU SEI QUE POSSO!...